jmagno

Não é novidade de que sou desajeitado, e que não seu lidar com os meus sentimentos, muito menos com os alheios, e que me refugio em meus pensamentos, os quais estão sendo transformados em palavras. Mas delas sou filho rejeitado, nunca tive a facilidade de escrever que gostaria. "Eu possuo, sem os sentidos, o conhecimento sem percepções visuais. Meu sonho é feito de idéias". Escrever pra mim é quase uma tortura a qual saio exausto e grato. Pode um algo bom ser maldição? Creio que o meu é. Crio uma briga diariamente, a qual sempre saio machucado, porém vencedor. Explicarei.
Minha cabeça fervilha de idéias, num frenesi louco e de repente um nada, um imenso branco, um vazio total. Antes este "não ter" me incomodava imensamente, mas aprendi o significado deste lapso e hoje espero calmamente o próximo passo, ou não.
Esta falta de idéia me acomete por segundos ou por dias. Resta-me treinar a paciência que não tenho. Inesperadamente uma palavra, uma imagem, uma conversa meio sem nexo me desperta para um texto completo, corro pra escrever em qualquer lugar com medo de que ele me fuja como antes. Escrevo desesperadamente como se não chegasse o fim. Depois reduzuo-o às minhas críticas impiedosas.
Essa é outra MALnia que tenho. Ouvi dizer que escritores são temperamentais. O escritor que em mim mora, é. Ele não aceita meus textos acha-os sem profundidade, mesmo assim, vez ou outra publico-os e mesmo que centenas de pessoas digam que ficou bom, ele continua a negar-me sua qualidade.
Escrever pra mim é comunicar e tento escrever claro, mas não sigo os padrões de norma culta e por isso talvez escreva em dialeto difícil de se decifrar. Mas contei a vocês da minha falta de intimidade com o nosso português. Uso e abuso, maltrato-o e espero que assim ele entenda quem é que manda, não ouso permitir que ele me domine, como de praxe. Sei que possuo vários erros de gramática, mas não me importo, tais erros remetem os da minha mente.
E como velhos amigos, contrariando toda essa relação turbulenta, como um sábado a noite, ele me faz satisfeito, pleno e apesar de tudo sou dele cativo, dessa bela e torturante arte de escrever.